Avó pode ser responsabilizada por assassinato de menina em RO e abandono de incapaz, diz juíza


Conforme Sandra Merenda, da Vara da Infância e da Juventude, parente de Lauanny Hester, de 2 anos, tinha a guarda provisória. Polícia prevê reconstituição na próxima semana.

A avó paterna da menina Lauanny Hester Rodrigues pode ser responsabilizada pela morte da criança e responder a um processo paralelo a investigação de homicídio por abandono de incapaz. A criança, então de 2 anos, foi espancada até a morte pelo pai e a madrastra em Ariquemes (RO), no Vale do Jamari, no último fim de semana.

Conselho Tutelar diz que não sabia que menina assassinada estava morando com o pai.

A parente da vítima tinha a guarda da neta desde o início deste ano. Porém, Lauanny vivia com o pai sem o conhecimento da Justiça. Segundo a Polícia Civil, a reconstituição do crime está prevista para acontecer na próxima semana.

A Rede Amazônica tentou contato com a avó da menina, que vive no distrito de Jacy Paraná, em Porto Velho, mas não obteve retorno. Sandra Merenda, juíza da Vara da Infância e da Juventude da capital, explica como foi passada a responsabilidade à mulher.

“Essa avó, sem o conhecimento do juízo de Porto Velho e nem do juízo de Ariquemes, não sei por qual razão não aparece no processo, essa avó empregou de volta essa criança para o pai, que o pai já tinha maltratado essa criança. Então, ela não poderia de forma nenhuma ter devolvido essa criança para o pai ou para outra pessoa. O guardião fica obrigado a permanecer com a criança. Se ele não tiver condições de permanecer com a criança, deve procurar as varas de proteção e entregar essa criança, que nós vamos atrás de outros familiares que possam receber essa criança”, explicou Merenda.

“Ela (avó) tem essa responsabilidade de ter descumprido essa determinação que ela assumiu em juízo quando recebeu a guarda provisória e, eventualmente, ficando pela análise do Ministério Público de Ariquemes onde ocorreu o crime. Ela pode ser responsabilizada por participar ou de alguma forma ter colaborado com a morte dessa criança”, reforçou a juíza.

Na terça-feira (24), o judiciário manteve a prisão preventiva do pai, William Monteiro da Silva, de 25 anos, e a madrasta, Ingrid Bernardino Andrade, de 23 anos. Ele segue detido no Centro de Ressocialização de Ariquemes, enquanto Ingrid está à disposição da Justiça no presídio feminino da cidade.

O advogado do casal, Hamilton Trondoli, informou que a defesa está formulando um pedido técnico para a liberdade dos clientes e que deve entrar com um pedido de revogação da prisão preventiva.

O bebê do casal, uma menina, está sob tutela do estado e permanece acolhida em um abrigo do municídio desde o dia da prisão dos pais.

Na última segunda-feira (23), a Polícia Civil divulgou que Lauanny já tinha sofrido agressões do pai. Em fevereiro, a menina teve o braço quebrado.

O QUE SABE SOBRE O CASO:

A avó da menina pode ser responsabilizada pelo crime, já que possui a guarda provisória da vítima;

O Conselho Tutelar disse que não sabia que menina assassinada estava morando com o pai;

A polícia acredita que a menina foi espancada e morta depois de rasgar um pacote de farinha de trigo;

O laudo aponta que Lauanny morreu com traumatismos múltiplos;

No corpo dela havia fraturas graves no crânio, tórax, quadril e abdômen;

Na delegacia, Willian não chorou por ter matado a filha;

Segundo a polícia, a mãe de Lauanny deixou a criança aos cuidados do pai há cerca de 1 ano e a mulher não foi mais vista pela família;

A defesa do casal diz que o pai negou ter agredido a criança a ponto de matá-la.

MORTE DE LAUANNY

Lauanny Hester Rodrigues, morreu depois de ser espancada pelo pai e a madrasta no fim da manhã do sábado (21), no bairro Marechal Rondon, em Ariquemes.

A Polícia Militar (PM) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram acionados por vizinhos que ouviram a criança sendo agredida. Porém, quando a equipe médica e a guarnição chegaram a menina não apresentava mais sinais vitais.

O pai da criança, William, e a madrasta, Ingrid, foram localizados pela PM em uma prainha. Segundo a corporação eles estavam deitados embaixo de uma árvore junto com um bebê de 5 meses, que é filho do casal.

Segundo Rodrigo Camargo, delegado responsável pelo caso, durante o interrogatório os suspeitos disseram que, de fato, tinham batido na menina por duas vezes.

“Às 2h40 da manhã eles acordaram, foram até a cozinha e viram que a criança tinha rasgado um saco de farinha de trigo. Diante disso, o pai acabou dizendo que para corrigir acabou agredindo a criança. Uma agressão absurda que, na minha visão e da polícia judiciária, configura tortura”, disse o delegado.

 

Fonte: G1/RO


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